terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Os dons
do Espírito Santo: Perguntas Gerais.
• Que são dons
espirituais?
• Quantos dons existem?
• Alguns dons cessaram?
• Como buscar e usar dons
espirituais?
1. EXPLICAÇÃO E BASE
BÍBLICA
A. Perguntas associadas
aos dons espirituais em geral.
Nas
gerações anteriores, os livros de teologia sistemática não continham capítulos
sobre os dons espirituais, porque havia poucas questões com respeito à natureza
e ao uso deles na igreja. Mas o século XX presenciou um aumento notável no
interesse pelos dons espirituais, principalmente
por causa da influência dos movimentos pentecostal e carismático na igreja.
Neste capítulo vamos analisar brevemente as questões gerais com respeito aos
dons espirituais, a seguir examinaremos a questão específica sobre se alguns
dons cessaram. Neste capítulo analisaremos o ensino do NT a respeito de dons
específicos.
[Estou
usando os termos pentecostal e carismático com o seguinte significado:
pentecostal refere-se a qualquer denominação ou grupo que tem sua origem
histórica no reavivamento pentecostal que começou nos Estados Unidos em 1901 e
que sustenta as posições doutrinárias de que a)
o batismo no Espírito Santo é um evento subseqüente à conversão; b) o batismo no Espírito Santo torna-se evidente pelo
sinal de falar em línguas e c) todos os dons
espirituais mencionados no NT devem ser buscados e usados hoje. Os grupos
pentecostais usualmente têm estruturas denominacionais distintas, sendo a Assembléia de Deus a mais proeminente.
O
termo carismático refere-se a quaisquer grupos (ou pessoas) que têm origem histórica no movimento de renovação carismática
dos anos 1960 e 1970, procuram praticar todos os dons espirituais
mencionados no NT (incluindo profecia, curas, milagres,
línguas, interpretação e discernimento de espíritos) e permitem
perspectivas diferentes sobre se o batismo no Espírito Santo é subseqüente à
conversão e se línguas é um sinal do batismo no Espírito Santo. Com muito maior
freqüência os carismáticos evitam formar suas próprias denominações, antes vêem
a si mesmos como uma força de renovação dentro das atuais igrejas protestantes
e da Igreja Católica.]
Antes
de começar a discussão, contudo, podemos definir dons espirituais da seguinte
maneira:
“Um
dom espiritual é qualquer habilidade que é concedida pelo Espírito Santo e
usada em qualquer ministério da igreja. Essa definição ampla inclui tanto os
dons que estão relacionados às capacidades espirituais (como ensino,
misericórdia ou administração) quanto os dons que parecem mais miraculosos e
menos relacionados a capacidades naturais (como profecia, curas ou
discernimento de espíritos).A razão para isso é que, quando Paulo menciona os
dons espirituais (Rm 12.6-8; lCo 7.7;
12.8-10,28; Ef 4.11)
ele inclui ambas as espécies de dons. Todavia, nem toda capacidade natural que
as pessoas têm está incluída aqui, porque Paulo é claro ao mencionar que todos
os dons espirituais devem ser autorizados “pelo mesmo e único Espírito” (lCo 12.11), que
eles são dados “visando
ao bem comum”(lCo 12.7) e que todos eles devem ser usados “para a edificação
da igreja”(lCo 14.26).
1. Os dons espirituais na
história da redenção.
Certamente o
Espírito Santo estava em operação no AT,
trazendo pessoas à fé e trabalhando de modo notável em alguns poucos indivíduos
como Moisés ou Samuel, Davi ou Elias.
Mas em geral havia uma atividade menos poderosa do Espírito Santo na vida da
maioria dos crentes. Havia pouca evangelização eficaz das nações, não havia
expulsão de demônios, curas miraculosas eram incomuns (embora tivessem acontecido, especialmente nos ministérios de Elias e
Eliseu), a profecia era restrita a poucos profetas ou pequenos grupos de
profetas e havia pouca experiência do que os crentes do NT chamariam de “poder da ressurreição” sobre o pecado,
no sentido de Romanos
6.1-14 e Filipenses 3.10.
O derramamento
do Espírito sobre a igreja com a plenitude e o poder da nova aliança ocorreu no
Pentecoste. Com isso,
uma nova era na história redentora estava inaugurada, e a capacitação da nova
aliança do Espírito Santo que fora profetizada pelos profetas do AT (cf. Jl 2.28,29)
havia chegado ao povo de Deus; a era da nova aliança se iniciara. E uma
característica desta nova era veio a ser a distribuição muito ampla de dons
espirituais a todas as pessoas que se tornaram participantes da nova aliança
—filhos e filhas, jovens e velhos, servos e servas, todos receberam uma
capacitação do Espírito Santo na nova aliança, e assim esperava-se que todos
recebessem também dons do Espírito Santo.
2. O propósito dos dons
espirituais na era do NT.
Os
dons espirituais são dados para equipar a igreja a fim de que ela desenvolva
seu ministério até que Cristo retorne. Paulo diz aos coríntios: “De modo que não
lhes falta nenhum dom espiritual, enquanto vocês esperam que o nosso Senhor
Jesus Cristo seja revelado” (lCo 1.7).Aqui ele conecta a posse dos
dons espirituais e a situação deles na história da redenção (esperando
pelo retorno de Cristo), sugerindo que os dons são dados para a igreja
para o período entre a ascensão de Cristo e o seu retorno. Semelhantemente,
Paulo olha em direção ao tempo do retorno de Cristo e diz: “Quando, porém, vier o que é perfeito, o que é
imperfeito desaparecerá” (lCo 13.10), indicando
também que esses dons “imperfeitos” (mencionados nos v. 8 e 9)
estarão em operação até que Cristo retorne, quando eles
haverão de ser substituídos por algo muito maior. De fato, o
derramamento do Espírito Santo com “poder” no Pentecoste (At 1.8) era para equipar a igreja
para pregar o evangelho (At 1.8) — algo que continuará até que Cristo
retorne. E Paulo lembra aos crentes que no uso que eles fazem dos dons
espirituais devem procurar “crescer naqueles que trazem a edificação para a igreja”
(lCo 14.12).
Mas
os dons espirituais não somente equipam a igreja para o tempo do retorno de
Cristo, eles também antecipam a era por vir. Paulo lembra aos coríntios que
eles foram “enriquecidos
em toda a sua linguagem e em todo o seu conhecimento, e que o resultado desse
enriquecimento era que eles não tinham falta de nenhum dom (lCo 1.5,7).
Exatamente como o próprio Espírito Santo aparece nesta época como a garantia do
pagamento inicial — o selo (2Co 1.22; cf. 2Co 5.5; Ef 1.14), que é o
começo de uma obra sua dentro de nós mais plena no futuro, assim os dons que o
Espírito Santo nos dá são uma amostra de uma obra mais plena que ele fará e que
será nossa no tempo que ainda vai chegar.
Desse
modo, os dons de discernimento prefiguram um discernimento muito maior que
teremos no tempo do retorno de Cristo. Os dons de conhecimento e sabedoria prefiguram uma sabedoria
muito maior que será nossa quando conhecermos “plenamente, da mesma forma como
[somos] plenamente [conhecidos]” (cf. lCo 13.12). Os dons de cura dão uma antevisão da saúde
perfeita que será nossa quando Cristo nos conceder os corpos ressuscitados.
Paralelos similares poderão ser encontrados em relação a todos os dons do NT.
Mesmo a diversidade de dons deve conduzir à unidade e à interdependência
maiores na igreja (v. lCo 12.12,13,24,25; Ef 4.l3), e essa
diversidade na unidade será em si mesma o prenúncio da unidade que os crentes
terão no céu.
3. Quantos dons há? As cartas do NT mencionam dons
espirituais específicos em seis passagens diferentes. - 3
3. Considere a seguinte
tabela:
1Coríntios 12.28
|
(2) profecia
|
19. liderança
|
1. apóstolo - 4
|
12. discernimento de espíritos
|
20. misericórdia
|
2. profeta
|
(8) línguas
|
lCormtios 7.7
|
3. mestre
|
13. interpretação de línguas
|
21. Casamento
|
4. milagres
|
Efésios 4.11 - 5
|
22. Celibato
|
5. dons de curar
|
(1) apóstolo
|
1 Pedro 4.11
|
6. prestar ajuda
|
(2) profeta
|
Seja quem for que fale (compreendendo
vários dons)
|
7. administração
|
14. evangelista
|
sejam quer for que sirva
(compreendendo vários dons)
|
8. línguas
|
15. pastor-mestre
|
|
lCoríntios 12.8-10
|
Romanos 12.6-8
|
|
9. palavra de sabedoria
|
(2) profecia
|
|
10. palavra de conhecimento
|
16. serviço
|
|
11. fé
|
(3) ensino
|
|
(5) dons de curar
|
17. dar ânimo
|
|
(4) milagres
|
18. contribuição
|
|
3 - Algumas listas incluem tanto os ofícios como os dons.
4 - Estritamente falando, ser apóstolo é um ofício, não um dom.
5 - Esta lista fornece quatro tipos de pessoas em termos de ofícios
ou funções e não, estritamente falando, quatro dons. Para três das funções
desta lista, os dons correspondentes seriam profecia, evangelização e ensino.
O
que é óbvio é que essas listas são todas totalmente diferentes. Nenhuma lista
tem todos os dons, e nenhum dom é mencionado em todas as listas. De fato, lCoríntios 7.7
menciona dois dons que não estão nas outras listas, no contexto do casamento e do celibato, Paulo diz: “cada um tem o seu
próprio dom da parte de Deus; um de um modo, outro de outro”.
Esses
fatos indicam que Paulo não estava tentando construir listas exaustivas de dons
quando especificou alguns deles. Embora haja às vezes a indicação de alguma
ordem (ele coloca apóstolos em primeiro
lugar, depois profetas, mestres em terceiro, mas línguas em último em lCo 12.28),
parece que em geral Paulo estava quase casualmente listando séries de exemplos
diferentes de dons à medida que eles vinham à sua mente.
Além
disso, há algum grau de sobreposição entre os dons listados em vários lugares.
Sem dúvida o dom de administração (kybernёsis,
lCo 12.28) é similar ao dom de presidência (ho proistamenos, Rm
12.8), e ambos os termos poderiam provavelmente ser aplicados a
muitos que possuem o oficio de pastor-mestre (Ef 4.11). Ademais, em alguns casos
Paulo lista uma atividade e em outros casos lista o substantivo relacionado que
descreve a pessoa (como “dom de profetizar” em Rm 12.6 e em lCo 12.10, mas ”profetas”em lCo
12.28 e Ef4.1 1).
Quantos
dons diferentes temos então? Simplesmente depende do quanto queremos ser
específicos. Podemos fazer uma lista muito pequena de somente dois dons, como
Pedro faz em lPedro
4.1 1:”Se alguém fala, faça-o como quem transmite a palavra de Deus. Se alguém
serve, faça-o com a força que Deus provê”. Nessa lista de somente dois
itens, Pedro inclui todos os dons mencionados em qualquer outra lista porque
todos eles se encaixam em uma dessas duas categorias. Outras classificações de
dons incluem dons de conhecimento (como discernimento de espíritos, palavra da sabedoria, e
palavra de conhecimento), dons de poder (como milagres, curas e fé) e dons de
falar (línguas, interpretação e profecia). E poderíamos ainda fazer
uma lista muito mais longa, como a lista de 22 dons enumerados anteriormente.
A
questão central em tudo isso é simplesmente dizer que Deus dá à igreja uma
variedade espantosa de dons espirituais, e eles todos são sinais de sua graça
múltipla. De fato, Pedro diz:
“Cada um
exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça
de Deus em suas múltiplas formas” (1 Pe 4.10; a expressão “múltiplas formas” é poikilos, que significa “ter muitas
facetas ou aspectos; ter rica diversidade”).
O
resultado prático desta discussão é que devemos ter o desejo de reconhecer e
apreciar as pessoas que têm dons que diferem dos nossos e de nossas
expectativas do que certos dons deveriam representar. Ademais, uma igreja sadia
terá uma grande diversidade de dons, e essa diversidade não deve conduzir à
fragmentação, mas à unidade maior entre os crentes na igreja. O argumento
integral de Paulo na analogia do corpo com muitos membros (lCo 12.12-26) é dizer que Deus
colocou-nos no corpo com essas diferenças de modo que pudéssemos depender uns
dos outros. “O
olho não pode dizer à mão: ‘Não preciso de você!’ Nem a cabeça pode dizer aos
pés: ‘Não preciso de vocês!’ Ao contrário, os membros do corpo que parecem mais
fracos são indispensáveis” (lCo 12.21,22; cf.v.4-6).
[O
termo grego para ”dom” aqui é charisma, o mesmo
termo que Paulo usa em lCoríntios 12—14 quando fala a respeito de dons espirituais.]
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4. Dons podem variar em
intensidade.
Paulo
diz que, se alguém tem o dom de profecia, deve
usá-lo “na
proporção da sua fé” (Rm 12.6), indicando que o dom pode ser mais ou
menos intensamente desenvolvido em diferentes indivíduos ou no mesmo indivíduo
durante um período de tempo. Essa é a razão pela qual Paulo pode lembrar a
Timóteo: ”Não
negligencie o dom que lhe foi dado” (lTm 4.14) e pode dizer: “torno a
lembrar-lhe que mantenha viva a chama do dom de Deus que está em você” (2Tm
1.6). Era possível Timóteo permitir que seu dom se enfraquecesse,
aparentemente pelo pouco uso, e Paulo procura lembrá-lo de reavivar o dom pelo
uso para com isso fortalecê-lo. Isso não nos deveria surpreender, pois
percebemos que muitos dons aumentam em força e em eficácia à medida que são
usados, seja evangelismo, ensino, exortação,
administração ou fé.
Textos
como os que vimos indicam que os dons espirituais podem variar em intensidade.
Se pensarmos em qualquer dom, seja de ensino ou
de evangelismo de um lado, ou profecia e curas de outro, devemos perceber que
dentro de qualquer congregação provavelmente haverá pessoas que são muito
eficazes no uso desse dom, talvez pelo longo uso e experiência, outros que
atuam moderadamente nesse dom, e outros que provavelmente têm o dom, mas estão
apenas começando a usá-lo. Essa variação em intensidade nos dons espirituais
depende de uma combinação da influência divina e humana. A influência divina é
a operação soberana do Espírito Santo, que ele “distribui individualmente, a cada um, como
quer” (lCo 12.11). A influência humana vem da experiência, treino,
sabedoria e capacidade natural no uso de um dom. Geralmente não é possível
saber em que proporção as influências divina e humana combinam em determinado
momento, nem é realmente necessário saber, pois mesmo as capacidades que
pensamos ser naturais procedem de Deus (lCo 4.7) e estão debaixo do seu controle
soberano.
Mas isso conduz a uma
pergunta interessante: Quanta força uma capacidade deve demonstrar antes de ser
chamada dom espiritual?
De quanta capacidade para o ensino uma pessoa precisa para se dizer que ela tem
o dom do ensino, por exemplo? Ou até que ponto
um indivíduo deve ser eficaz na evangelização antes de reconhecermos que ele
tem o dom de evangelização? Ou com quanta
freqüência alguém teria de ver suas orações por cura serem respondidas antes do
reconhecimento de que tem o dom de cura?
A
Escritura não responde diretamente a essa pergunta, mas o fato de que Paulo
fala desses dons como úteis para a edificação da igreja (lCo 14.12) e o fato de que Pedro
igualmente diz que cada pessoa que recebeu um dom deveria lembrar-se de
empregá-lo para “servir
os outros” (1 Pe 4.10) sugerem que tanto Paulo como Pedro pensaram
nos dons como capacidades que eram fortes o suficiente para funcionar em
benefício da igreja, seja para a congregação reunida (como em profecia ou ensino), seja para indivíduos na congregação (como prestar ajuda ou exortação).
Provavelmente nenhuma linha definida pode ser traçada nesse assunto, mas Paulo nos relembra de que ninguém possui
todos os dons nem ninguém fica sem algum dom. Ele é muito claro quanto a
isso, e um conjunto de perguntas tem uma resposta “não”
em cada uma delas: “São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres?
Têm todos o dom de realizar milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em
línguas? Todos interpretam?” (lCo 12.29,30).
O
texto grego (com o particípio me antes
de cada pergunta) claramente pressupõe a resposta negativa a cada pergunta.
Portanto, nem todos são mestres, por exemplo, nem todos possuem dons de cura, nem todos falam
em línguas.
Mas
embora nem todos tenham o dom de ensino, é
verdade que todos os apóstolos “ensinam” em
algum sentido da palavra ensinar. Mesmo as pessoas que nunca sonharam ensinar
em uma classe de escola dominical vão ler histórias bíblicas para os seus
próprios filhos e explicar o significado delas —de fato, Moisés ordenou aos
israelitas que fizessem isso com seus filhos (Dt 6.7), explicando-lhes as
palavras de Deus à medida que se assentavam em sua casa ou andavam pelo
caminho. Assim, por um lado devemos dizer que nem todos têm o dom de ensino.
Mas, por outro lado, devemos dizer que há uma capacidade geral relacionada ao
dom de ensino que todos os cristãos possuem. Outro modo de expressar isso seria
dizer que não há nenhum dom espiritual que todos os crentes tenham, todavia há
uma capacidade geral similar a cada dom que todos os cristãos possuem.
Podemos
ver isso com muitos dons. Nem todos os cristãos têm o dom
de ser evangelistas, mas todos os cristãos têm a capacidade de
compartilhar o evangelho com seus vizinhos. Nem todos os cristãos têm dons de cura, mas ainda assim cada cristão pode orar
e realmente ora a Deus pela cura de amigos ou parentes que estão doentes.
Podemos
até dizer que outros dons, como profecia, não
somente variam em intensidade entre os que possuem o dom, mas também encontram
um complemento em algumas capacidades gerais que são encontradas na vida de
cada cristão. Por exemplo, se entendemos profecia (de acordo com a definição dada no capítulo 30) como “relatar algo que Deus traz à mente”,
então é verdade que nem todo mundo experimenta isso como dom, pois nem todos
experimentam Deus trazendo coisas espontaneamente à mente com tal clareza e
força que a pessoa se sente livre para falar a respeito delas em um grupo de
cristãos. Mas provavelmente todo crente teve uma vez ou outra a percepção de
que Deus lhe estava trazendo à mente a necessidade de orar por um amigo
distante, ou escrever, ou telefonar para dizer uma palavra de encorajamento a
alguém distante, e mais tarde verificou que isso era exatamente o que aquela
pessoa estava precisando naquele momento. Poucos haveriam de negar que Deus
soberanamente lhes trouxe aquela necessidade à mente de modo espontâneo e, embora isso não
seja chamado de dom de profecia, é uma capacidade geral de receber
uma direção ou orientação especial de Deus que é semelhante ao que acontece no
dom de profecia, mas que funciona em um nível mais fraco.
O ponto central
dessa discussão toda é simplesmente dizer que os dons espirituais não são tão
misteriosos e “coisas do outro mundo” como as pessoas costumam pensar. Muitos
deles são intensificações ou exemplos de fenômenos altamente desenvolvidos que
muitos cristãos experimentam em sua vida. Outra conclusão importante a ser
tirada dessa discussão é que, muito embora tenhamos recebido dons de Deus,
somos ainda responsáveis por usá-los eficazmente e desenvolvê-los, para que a
igreja possa receber mais benefícios dos dons dos quais Deus permitiu que
fôssemos mordomos.
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5. Descobrindo e
procurando dons espirituais.
Paulo
parece presumir que os crentes saberão quais são os seus dons espirituais. Ele
simplesmente diz aos da igreja de Roma para usarem os seus dons espirituais de
vários modos: “Temos
diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de
profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é
ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua
generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar
misericórdia, que o faça com alegria” (Rm 12.6-8). Semelhantemente,
Pedro diz a seus leitores como usar seus dons, mas não diz nada a respeito de
descobrir quais são eles: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros,
administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas” (lPe 4.10).
Mas
o que acontece se muitos membros na igreja não sabem quais são os dons
espirituais que Deus lhes deu? Em tal caso, os líderes da igreja precisam
perguntar se estão proporcionando oportunidades suficientes para as variedades
de dons serem usados. Embora as listas de dons dadas no NT não esgotem a
questão, elas certamente proporcionam um bom ponto de partida para as igrejas
perguntarem se ao menos há oportunidade para esses dons serem usados. Se Deus
colocou pessoas com certos dons em uma igreja, quando esses dons não são
encorajados ou quem sabe não permitidos, elas se sentirão frustradas e não
cumprirão os seus ministérios cristãos, e talvez se mudem para outra igreja
onde seus dons possam ser usados para o benefício da igreja.
Além
da questão de descobrir quais dons uma pessoa tem, existe a questão da busca de
dons adicionais. Paulo ordena aos cristãos: ”Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons”(lCo
12.3l). Mais adiante, diz: “Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons
espirituais, principalmente o dom de profecia” (lCo 14.1). Nesse
contexto, Paulo define o que quer dizer com “melhores dons”, porque em lCoríntios 14.5
ele repete a palavra que usou em 12.31 para “melhores” (gr.
meizõn) quando diz que quem “profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não
ser que as interprete, para que a igreja seja edificada” (lCo 14.5).Aqui
os dons “melhores” são aqueles que mais
edificam a igreja. Isso está de acordo com a afirmação de Paulo poucos
versículos mais adiante, quando diz: “Visto que estão ansiosos por terem dons espirituais,
procurem crescer naqueles que trazem a edificação para a igreja” (lCo 14.12). Os
dons melhores são os que mais edificam a igreja e que trazem mais beneficio
para os outros.
Mas
como procurar mais dons espirituais? Primeiro, devemos pedir a Deus por eles.
Paulo diz diretamente que “quem fala em uma língua, ore para que a possa interpretar”
(lCo 14.13; cf. Tg 1.5, onde Tiago diz às pessoas que elas devem
pedir a Deus sabedoria). A seguir, pessoas que procuram dons
espirituais adicionais devem apresentar os motivos corretos. Se os dons
espirituais são buscados somente para que a pessoa possa ser mais proeminente
ou ter mais influência e poder, isso certamente está errado aos olhos de Deus.
Essa era a motivação de Simão, o mago,
em Atos 8.19,
quando ele disse: “Dêem-me também este poder, para que a pessoa sobre quem eu
puser as mãos receba o Espírito Santo” (v. repreensão de Pedro nos v. 21 e 22).
É algo temerário querer dons espirituais ou proeminência na igreja
somente para a nossa glória, não para a glória de Deus e para o socorro de
outros. Portanto,
os que procuram dons espirituais devem primeiro perguntar se a si mesmos se os
estão procurando por amor a outros e com a preocupação de ser capazes de
ministrar às necessidades deles, porque os que possuem grandes dons espirituais
mas não têm amor nada representam à vista de Deus (cf. lCo 13.1-3).
Dentro
desses parâmetros, é apropriado procurar oportunidades para exercer o dom,
exatamente como no caso da pessoa que tenta descobrir seu dom, como explicado
anteriormente.
Finalmente,
os que estão procurando dons espirituais adicionais devem continuar a usar os dons
que já sabem que possuem e ficar contentes se Deus resolve não lhes dar mais
dons. O senhor aprovou o servo que fez render dez vezes mais a mina, mas
condenou o que a conservou “guardada num pedaço de pano” (Lc 19.16,17,20-23)
— certamente
mostrando-nos que temos a responsabilidade de usar e tentar aumentar os
talentos e habilidades que Deus nos deu como seus mordomos. Devemos
equilibrar isso lembrando que os dons espirituais são distribuídos a cada
pessoa individualmente pelo Espírito Santo “como ele quer”(lCo 12.11) e que “Deus dispôs cada
um dos membros no corpo, segundo a sua vontade” (lCo 12.18). Desse
modo, Paulo recorda aos coríntios que, em última análise, a distribuição dos
dons é um assunto da soberania divina: é para o bem da igreja e para o nosso
bem que nenhum de nós tem todos os dons, e precisamos continuamente depender de
outros que possuem dons diferentes dos nossos. Essas considerações devem
contentar-nos quando Deus decidir não nos dar os outros dons que procuramos.
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B. Alguns dons cessaram?
No
mundo evangélico de hoje há posições diferentes com respeito a esta pergunta: “Todos os dons mencionados no NT são válidos
para o uso na igreja hoje?”. Alguns dizem sim. Outros diriam não, e
argumentariam que alguns dos dons mais miraculosos (como profecia, línguas e interpretação, e talvez curas e expulsão de
demônios) foram dados somente no tempo dos apóstolos, como “sinais” para autenticar a pregação
primitiva do evangelho. Eles afirmam primeiramente que esses dons não são mais
necessários como sinais hoje e que cessaram no fim da era apostólica,
provavelmente no final do século I ou no começo do século II d.C.
Devemos
também compreender que há um grande grupo “intermediário”
com respeito a esse assunto, um grupo das “principais
correntes evangélicas” que não é carismático nem pentecostal de um lado,
nem “cessacionista” de outro, mas estão
simplesmente indecisos e incertos se essa questão pode ser decidida com
informações da Escritura.
[A palavra cessacionista
significa alguém que pensa que certos dons espirituais miraculosos cessaram muito
tempo atrás, quando os apóstolos morreram e a Escritura tornou-se completa.]
Muitos
aspectos desse debate centralizam-se sobre o significado de lCoríntios 13.8-13, onde Paulo
diz:
O amor nunca perece;
mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará.
Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é
perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era menino, falava como
menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem,
deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo
obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em
parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente
conhecido.Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O
maior deles, porém, é o amor (lCo 13.8-13).
1. lCoríntios 13.8-13 nos
diz quando os dons miraculosos cessarão?
O
propósito dessa passagem é mostrar que o amor é superior aos dons como profecia
porque os dons passarão, mas o amor nunca passará. Devemos entender “o que é imperfeito” no versículo 10
como incluindo não somente a profecia,
mas igualmente outros dons como “línguas”
e “conhecimento”, haja vista que estes são mencionados no versículo 8 como
coisas que passarão. O ponto-chave é saber o tempo que a palavra “quando” indica no versículo 10: “quando, porém,
vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá”. Alguns que
sustentam que esses dons cessaram crêem que essa frase se refere ao tempo
anterior à época do retorno do Senhor, como o tempo “quando a igreja está madura” ou “quando a Escritura está completa”. Contudo, o significado do versículo 12 parece
exigir que essa frase se refira ao tempo do retorno do Senhor. A frase “veremos face a face” é
usada diversas vezes no AT para se referir a ver Deus pessoalmente’ — não plena
ou exaustivamente, porque nenhuma criatura finita pode fazer isso, mas ainda
assim de modo pessoal e verdadeiro. Assim, quando Paulo diz “veremos face a
face”, ele claramente quer dizer “veremos Deus face a face”. De
fato, essa será a maior bênção do céu e a nossa maior alegria por toda a
eternidade (Ap
22.4: “Verão a sua face, e o seu nome estará em suas testas”). Esse
evento poderá acontecer somente quando o Senhor retornar. Além disso, a segunda
metade do versículo 12 diz: “Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da
mesma forma como sou plenamente conhecido”. Paulo não espera possuir
um conhecimento infinito, mas sim, quando o Senhor retornar, ele espera ser
liberto dos falsos conceitos e das incapacidades de entender (especialmente de entender Deus e sua obra)
que são parte desta vida presente. O seu conhecimento vai recordar o
conhecimento atual que Deus tem dele porque não conterá nenhuma impressão falsa
e não será limitado ao que é capaz de ser percebido neste presente tempo. Mas
tal conhecimento ocorrerá somente quando o Senhor retornar.
Esse
é o tempo ao qual o versículo 10 se refere quando diz “quando, porém, vier o que éperfeito, o que é
imperfeito desaparecerá”. Quando Cristo retornar, ”o que é
imperfeito”, ou modo parcial de adquirir conhecimento a respeito de
Deus, passará porque a espécie de conhecimento que teremos na consumação final
de todas as coisas fará com que os dons imperfeitos sejam obsoletos. Isso
significa, contudo, que até que Cristo retorne tais dons continuarão a existir
e serão úteis ao longo de toda a era da igreja, incluindo hoje, e até o dia da
segunda vinda de Cristo.
Além
disso, essa interpretação parece encaixar-se melhor com o propósito global da
passagem. Paulo está tentando enfatizar a grandeza do amor e firmar que o “amor nunca perece
(lCo 13.8). Para provar esse ponto, ele argumenta que o amor
avançará para além do tempo em que o Senhor retornar, diferentemente dos atuais
dons espirituais. Isso se torna um argumento convincente: o amor é tão
fundamental para os planos de Deus para o universo que ele durará além da
transição desta presente era para a era por vir no retorno de Cristo — ele
continuará por toda a eternidade.
Finalmente,
uma afirmação mais geral de Paulo a respeito do propósito dos dons espirituais
na era do NT dá suporte a essa interpretação. Em lCoríntios 1.7 Paulo liga a posse
dos dons espirituais (gr., charismata)
à atividade de esperar pelo retorno do Senhor: “De modo que não lhes falta nenhum dom espiritual, enquanto vocês
esperam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja revelado”. Isso sugere que
Paulo viu os dons como provisão temporária dada para equipar os crentes para o
ministério até que o Senhor retorne. Assim, esse versículo proporciona um
paralelo próximo ao pensamento de lCoríntios 13.8-13, onde a profecia e o
conhecimento (e sem dúvida línguas)
são vistos, semelhantemente, como úteis até o retorno de Cristo, mas
desnecessários daquele período em diante.
lCoríntios
13.10, portanto,
refere-se ao tempo do retorno de Cristo e afirma que esses dons espirituais
durarão entre os crentes até aquele tempo. Isso significa que nós temos uma
afirmação bíblica clara de que Paulo esperava que esses dons continuassem por
toda a era eclesiástica e funcionassem para o benefício da igreja até o retorno
de Cristo.
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2. A continuação da
profecia hoje desafiaria a suficiência da Escritura?
Alguns
que assumem a posição “cessacionista”
argumentam que permitir “palavras de
Deus” provindo de elocuções proféticas contínuas seria, de fato,
acrescentar algo à Escritura ou competir com a Escritura. Em ambos os casos, a
suficiência da Escritura em si mesma seria desafiada, e, na prática, sua
autoridade singular em nossa vida ficaria comprometida. Contudo, tenho
argumentado exaustivamente em outras obras que a profecia congregacional
ordinária nas igrejas do NT não possuía a mesma autoridade que a Escritura. Ela
não era proferida em vocábulos que eram as verdadeiras palavras de Deus, antes era
falada em palavras meramente humanas. E porque ela tem essa autoridade menor,
não há razão alguma para pensar que ela não continuará na igreja até que Cristo
retorne. Ela não ameaça nem compete com a Escritura em
autoridade, mas está sujeita à Escritura, assim como ao julgamento maduro da
congregação.
Outra
objeção é por vezes levantada a esta altura. Alguns vão argumentar que, mesmo
que quem usa o dom de profecia hoje diga que ela não é igual à Escritura em
autoridade, ela de fato funciona na vida deles competindo com as Escrituras ou
até para substituindo-as na orientação com respeito à vontade de Deus. Assim, a
profecia hoje, segundo dizem, desafia a doutrina da suficiência da Escritura
para a orientação em nossa vida.
Aqui
deve-se admitir que muitos erros têm sido cometidos na história da igreja. Mas
nessa discussão a questão deve ser: Os abusos são necessários para o
funcionamento do dom de profecia? Se tivermos de argumentar que os erros e
abusos de um dom invalidam o dom em si mesmo, então teremos de rejeitar o
ensino da Bíblia (pois muitos mestres de
Bíblia têm ensinado erros e iniciado seitas) bem como a administração da
igreja (pois muitos líderes de igreja
têm contribuído para o desvio de pessoas), e assim por diante. O abuso de
um dom não significa que devamos proibir o uso devido do dom, a menos que possa
ser demonstrado que é impossível haver um uso adequado dele — que todo uso tem
de ser um abuso.
3. Os dons miraculosos
somente acompanharam o surgimento da nova Escritura? Outra objeção é dizer que os dons
miraculosos acompanharam o surgimento da Escritura, e, já que não há nenhuma
nova Escritura concedida em nossos dias, não devemos esperar novos milagres
hoje.
Em
resposta a essa tese deve ser dito que esse não é o único nem mesmo o maior propósito
dos dons miraculosos. Os milagres têm outros propósitos na Escritura: 1)
autenticam a mensagem do evangelho por toda a era da igreja; 2)
prestam ajuda aos que estão necessitados, e, com isso, demonstram a
misericórdia e o amor de Deus; 3) equipam as pessoas para o ministério; e 4)
glorificam a Deus.
Devemos
também observar que nem todos os milagres acompanham a concessão de uma
Escritura adicional. Por exemplo, tanto o ministério de Elias como o de Eliseu
foram marcados por diversos milagres no AT, mas eles não escreveram nenhum
livro nem nenhuma seção da Bíblia. No NT, houve muitas ocorrências de milagres que
não foram acompanhados pela concessão da Escritura. No livro de Atos, tanto
Estevão como Filipe operaram milagres, mas não escreveram nenhuma Escritura.
Houve profetas que não escreveram nenhuma Escritura em Cesaréia (At 21.4) e Tiro (At 21.9-11), em Roma (Rm
12.6) e em Tessalônica (lTs 5.20,21), em
Éfeso (Ef :1 4.11) e nas comunidades às quais lJoão foi escrita (lJo
4.1-6). Houve aparentemente muitos milagres
nas igrejas da Galácia (Gl 3.5). E Tiago espera que a cura ocorra pelas
mãos dos presbíteros em todas as igrejas às quais escreve (v. Tg 5.14-16).
4. É perigoso uma igreja
admitir a possibilidade de dons miraculosos hoje?
A
objeção final proposta pela posição cessacionista é dizer que uma igreja que
enfatiza o uso dos dons miraculosos está em perigo de cair em desequilíbrio e
provavelmente negligenciara outras coisas importantes como evangelização, sã
doutrina e a pureza moral de vida.
Dizer
que o uso de dons miraculosos é “perigoso”
não é em si mesma uma crítica adequada, porque há coisas corretas que são
perigosas, ao menos em algum sentido. A
obra missionária é perigosa. Dirigir
um carro é perigoso. Se definirmos perigoso como significando “algo que pode
dar errado”, então podemos criticar qualquer coisa que alguém possa fazer como
“perigosa”, e a crítica assume múltiplos propósitos quando não há nenhum abuso
específico a apontar. Uma abordagem melhor com respeito aos dons
espirituais seria perguntar: “Eles estão
sendo usados de acordo com a Escritura?” e “Os passos dados para se guardar contra os perigos do abuso são
adequados?”.
Naturalmente
é verdade que igrejas podem tornar-se desequilibradas, e algumas de fato se tornaram.
Mas nem todas são assim, nem precisam ser. Ademais, visto que esse argumento é baseado
em resultados reais da vida de uma igreja, também é apropriado perguntar: “Que igrejas no mundo têm hoje em dia a
evangelização mais eficaz? Quais apresentam maior contribuição sacrificial
entre seus membros? Quais, de fato, dão a maior ênfase em pureza de vida? Quais
têm o amor mais profundo pelo Senhor e por sua Palavra?”. Embora seja
difícil responder a essas perguntas claramente, não creio que possamos dizer
com justiça que as igrejas dos movimentos
carismático e pentecostal são mais fracas nessas áreas que outras igrejas
evangélicas. De fato, em alguns casos elas podem ser até mais fortes nessas
áreas. A questão é que qualquer argumento que diga que as igrejas que enfatizam
os dons miraculosos se tornarão desequilibradas simplesmente não é provado na
prática.
5. Nota final:
cessacionistas e carismáticos precisam uns dos outros.
Finalmente,
pode-se argumentar que os do lado carismático e pentecostal e os do lado
cessacionista (especialmente os
reformados e os cristãos dispensacionalistas) realmente precisam uns dos
outros e fariam bem se desenvolvessem maior apreciação mútua. Os primeiros tendem a ter mais experiência prática no uso dos
dons espirituais e na vitalidade na adoração, áreas em que os cessacionistas
poderão se beneficiar mais, caso estiverem desejosos de aprender. Por outro lado,
os reformados e grupos dispensacionalistas tradicionalmente são muito fortes no
entendimento da sã doutrina, na profundidade e no entendimento preciso dos
ensinos da Escritura. Os grupos carismático e pentecostal poderão
aprender muito com eles, se estiverem desejosos disso. Mas certamente não é
útil para a igreja como um todo, de ambos os lados, crer que eles não possam
aprender nada uns com os outros ou que eles não possam obter nenhum benefício
da comunhão uns com os outros.
Teologia
Sistemática.
Wayne Grudem.
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